Herdade do Meio Garrafeira tinto 2003
Temos aqui o primeiro topo de gama do produtor de Portel que está a desaparecer do mapa. Entrou de rompante no mercado, com vinhos de elevada qualidade e com os preços a condizer. Um grande investimento em vinhas e adega, garrafas e rótulos com imagem muito apelativa, enologia de topo com a contratação de António Saramago.
Leva-me a pensar que todos os cuidados são poucos no mundo do vinho, que não basta ter qualidade e uma imagem bonita para vender, para ter sucesso. Neste caso penso que foi uma avalanche de novas marcas, outras que apareceram uma vez e não tiveram continuidade. Os consumidores já não sabiam quais os vinhos da empresa, tantos eram eles no mercado, o que me fazia um pouco de confusão. Vinhos vendidos a preço de saldo, alguns mesmo muito baratos deixavam de boca aberta os consumidores, o que não era bom sinal.
Mas não deixam de ser belos vinhos e aqui temos em prova o primeiro Garrafeira a sair, o de 2003.
Foram usadas castas características da região como a Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet e Castelão. Foi vinificado em lagar com curtimenta completa e submetido a um estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês e americano durante 12 meses.
Apresentou uma cor escura, levemente acastanhada. Aroma intenso e muito balsâmico com muitas notas de cera. A fruta aparece madura, com morangos, ameixas, figos secos. Flores secas tipo pot pourri e fundo achocolatado. Boca encorpada e com boa acidez. Permanecem as notas balsâmicas aliadas à fruta madura, em compota, e o chocolate. Final longo e complexo.
Temos aqui um vinho que ganhou complexidade com os anos. Com uma bela estrutura e profundidade, apresenta-se muito guloso e a dar uma bela prova. Está num momento muito bom para ser bebido. 17,5.