A história desta Quinta remonta ao final do séc. XVII. O rei D. João IV mandou construir a Quinta do Carmo para uma dama da sua corte. Desses tempos nada restou excepto, provavelmente, o vinho Quinta do Carmo e a Herdade das Carvalhas, de onde provinham os vinhos e onde continuam ainda hoje a ser produzidos. A Quinta do Carmo está localizada na região do Alentejo, a poucos quilómetros da cidade de Estremoz. É uma propriedade tipicamente alentejana, com uma área total de 1.000 ha, onde estão incluídos 100 ha de oliveiras, cereais, plantações de sobreiros e florestas.
Após uma longa joint-venture com o prestigiado grupo Lafite Rothschild, a Bacalhôa Vinhos de Portugal adquiriu, em 2008, a totalidade da Quinta, que passou a ser o centro de vinificação e produção de todos os vinhos do Alentejo do grupo Bacalhôa.
A adega, de linhas modernas e atraentes, foi submetida a uma renovação considerável em termos tecnológicos e de técnica de produção de vinhos. Aqui produzem-se vinhos de elevada qualidade, como os famosos Quinta do Carmo branco e Quinta do Carmo Reserva, entre outros, os quais têm obtido um enorme sucesso não só em Portugal como em vários países. (texto retirado do site do produtor).
Tenho de admitir que conheço muito pouco os vinhos da Quinta do Carmo. Não sou daqueles previligiados que conheceram os famosos Garrafeira da casa dos anos 80 e 90. Foram e continuam a ser um dos produtores mais conhecidos e respeitados do Alentejo. Agora, com o forte aparecimentos de marcas novas, alguns destes nomes vão ficando para trás. Nomes como Quinta do Carmo, Cartuxa, Herdade dos Coelheiros, entre outros, estão a ser relegados para segundo plano face ao crescente número de novidades que aparecem quase todos os dias.
Estas marcas tiveram de se modernizar fazendo vinhos ao gosto do consumidor, ou pelo menos algumas marcas do seu repertório, sob pena de serem engolidos pelo mercado. E estão a faze-lo muito bem, com vinhos modernos, mais fáceis, com um estilo mais internacional. Actualizaram-se mas mantiveram a alma, o espírito alentejano que lhes deu fama.
Após passar por várias mãos, a Quinta do Carmo pertence agora ao império de Joe Berardo, do grupo Bacalhoa. Mudaram-se os rótulos, modernizaram a adega em termos tecnológicos e de técnica de produção. Temos assim vinhos com outra roupagem, modernos e de peito aberto para enfrentar o mercado.
Provei 2 vinhos da Quinta do Carmo, o Dom Martinho, gama de entrada, e o Quinta do Carmo colheita, um vinho que se situa na gama premium, logo atrás do reserva, o topo de gama. Ambos tintos, ambos as colheitas mais recentes no mercado.
Dom Martinho tinto 2006
Feito com as castas Aragonêz, Alicante Bouschet, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Syrah. Um vinho que não passa pela madeira.
Tem uma cor granada com boa concentração. Aroma com boa intensidade, com muitas notas frutadas que nos lembra morangos e groselhas. Algum chocolate de leite e travo vegetal. A boca tem um bom corpo e uma acidez mediana. Confirma inteiramente o aroma, onde a fruta comanda os sabores. Final mediano e frutado.
É um vinho bem feito, um tanto directo, mas agradável. Abaixo dos 5 euros, é uma boa hipótese para o dia a dia. É um daqueles vinhos que o Alentejo é pródigo. 14,5.
Quinta do Carmo tinto 2005
Feito com Aragonês, Alicante Bouschet, Trincadeira, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Syrah. Estagiou durante 12 meses em barricas de carvalho francês.
Tem uma cor granada intensa. Aroma intenso e cativante, com notas balsâmicas misturadas com fruta madura, compotada e algumas passas. Ameixas e cerejas estão bem acompanhadas de chocolate de leite e toque apimentado. Boca volumosa e com boa acidez. Os sabores remetem-nos para ambiente guloso da fruta compotada e para o chocolate de leite. Toque balsâmico e apimentado. Final longo e guloso.
Temos aqui um vinho bastante agradável, com boa complexidade, nitidamente com perfil alentejano, muito redondo, que dá muito prazer na prova. Eu gostei e acho mesmo que é difícil não gostar. 16,5.