Os vinhos Terras de Tavares - o Dão em Lisboa


João Tavares de Pina veio a Lisboa e apresentou os seus vinhos aos blogs num almoço/lanche/jantar. Trouxe praticamente todos os vinhos feitos até hoje, desde os mais velhotes (1997) até aos mais recentes (2008).

Podemos dizer que os vinhos Terras de Tavares e Torre de Tavares são da "velha escola" do Dão. Vinhos de terroir, vinhos feitos na vinha com o aproveitamento de tudo o que ela dá e não vinhos chamados "tecnológicos", vinhos feitos para as provas cegas, mascarados com carradas de fruta e madeira. Talvez seja por isso que os vinhos desta casa sejam incompreendidos e muito mal tratados na imprensa "especializada". 



Os vinhos do Dão estão a mudar, estão a perder as suas principais características, o seu terroir, e estão a ficar iguais aos outros. Não quero com isto dizer que sejam vinhos maus, claro que não, muitos deles são grandes vinhos, mas são grandes vinhos...como os do Douro e Alentejo o são. Quem busca a diferença já tem alguma dificuldade em encontrar vinhos que o realmente sejam. São os que sobrevivem a esta tendência de modernização dos vinhos e João Tavares de Pina é um deles. Vinhos com pouca fruta, balsâmicos e muito elegantes são a marca dos vinhos Terras e Torre de Tavares. Quem busca uma alternativa, aqui a tem.
Passo a uma pequena descrição dos vinhos provados, com algumas notas de prova.

Vinhos Torre e Terras de Tavares

Terras de Tavares Síria branco 2009
Belo aroma, citrino, mineral, vegetal fresco,madeira ligeiramente perceptível mas bem integrada. Um vinho muito elegante e pronto para beber. 16.

Terras de Tavares Encruzado branco 2008
Aroma contido, citrinos, marmelo maduro, alguma sensação de baunilha na boca. Encorpado e elegante. 16,5/17.

Terras de Tavares Encruzado branco 2007
Baunilha, mineral, citrinos com notas de toranja, toque floral. Está num belo momento. 16,5/17.

Terras de Tavares (Regional Beiras) tinto 2006
Um vinho muito balsâmico e floral. Fruta fina, com boa secura e elegante. Um autêntico Reserva. 16.

Terras de Tavares Touriga Nacional tinto 2005
Balsâmico e floral, mineral, fruta delicada. Gostei muito. 17.

Terras de Tavares Touriga Nacional tinto 2008
Floral, balsâmico fruta elegante com cerejas e amoras. Belíssimo. 17/17,5.

Amostra Tinta Pinheira 2009
Este vinho não vai ser engarrafado, com muita pena nossa. Cor ligeira, aroma delicado, fruta elegante, fumado, grande secura na boca e muito fresco. Quando o vimos no copo e o cheirámos parecia um autêntico Charme. Merecia ser engarrafado mas vai para lote. 16,5.

Torre de Tavares Jaen tinto 2005
Muita fruta mas muito fina, ligeira baunilha. Volumoso e muito fresco. Belo. 17.

Torre de Tavares Jaen tinto 2007
Fruta fresca, balsâmico, mineral e baunilha. Boca gorda e seca. 17.

Torre de Tavares Jaen (carvalho americano) tinto 2008
Frutado, elegante, chocolate com côco, balsâmico e mineral. Boca com grande secura e muito gastronómico, Bela boca. 17.

Torres de Tavares Jaen (carvalho francês) tinto 2008
Menos austero e com menos secura na boca. Gostei mais com o carvalho americano. 16.

Terras de Tavares Reserva tinto 2007
Um pouco mais maduro. Mineral, balsâmico, fruta elegante e flores. Boa secura na boca. 16,5.

Terras de Tavares Reserva tinto 2005
Na mesma linha, um pouco mais maduro. Notas de chocolate com morangos. Muito elegante. Gostei. 16.

Terras de Tavares Reserva tinto 2004
 Um ano quente, onde se notam aromas mais alicorados, docinhos, flores. Guloso. Eu gostei. 16.

Terras de Tavares Reserva tinto 2003
Fruta delicada, mais mineral e com notas balsâmicas. Muito fresco e com alguma secura. 17.

Terras de Tavares tinto 2002
Está na fase de "burro". Muitas notas animais, pele, chá, bagas frescas, compota, químicos. Boca redonda, fresca e com notas de azeitona. Vai melhorar. 15,5.

Terras de Tavares tinto 2001
Passou recentemente pelo que o 2002 está a passar neste momento. Está belíssismo, elegante, terroso. Boca fresca, volumosa e com alguma secura, cacau em pó. Grande vinho. 17/17,5.

Terras de Tavares tinto 1997
Muito elegante e perfumado. Um vinho numa fase excelente para beber. Grande evolução. 17.


Em jeito de conclusão, podemos dizer que os vinhos desta casa são vinhos muito elegantes, muito balsâmicos e onde a fruta e as flores aparecem de forma delicada, nada de excessos. Os Touriga Nacional são elegantes e equilibrados, os Jaen são poderosos a elegantes ao mesmo tempo (porque não se fazem mais vinhos desta casta em Portugal?), os Reserva complexos e minerais. E a Tinta Pinheira, bem essa merecia ser um grande vinho português. Temos mesmo muita pena. Talvez uma Cuvée dos Blogs? Ah, também gostei muito dos brancos.
Ficam as perguntas: como é que estes vinhos têm notas baixas? Provámos os mesmos vinhos que eles??

Agradeço ao João Tavares de Pina pela sua presença a especialmente por me ter apresentado estes vinhos. Passei a ser fã. Muito obrigado.
publicado por allaboutwine às 13:48 | link do post | comentar