Terça-feira, 31.03.09

Kolheita 2003

Kolheita de Ideias é um projecto recente em terras durienses, e que tem como um dos mentores e responsável pela enologia um dos nomes que melhor interpreta o Douro, Luis Soares Duarte. Faz grandes vinhos e com preços em conta, geralmente mais baixos que os demais.
Este projecto, nascido com a colheita de 2001, desde logo marcou presença nos grupo das grandes vinhos do Douro, dos mais requisitados. Agora, com o aparecimento de tantas marcas novas, talvez esteja numa segunda linha, mas de forma injusta.
Produzido a partir de vinha muito velhas de baixa produção e vinificado em lagares tradicionais, estagia em barricas de carvalho francês. Sai da garrafa com uma cor granada escura. Aroma fino, vidrado, com notas de fumo e cabeça de fósforo. Mineralidade bem presente e com notas de terra molhada. Algum chocolate amargo e a fruta a aparecer na forma de ameixas. Cheiramos ainda flores e mato como esteva e alfazemas. A boca é bem gorda, com a acidez bem presente. Um misto de fruta, mineralidade e flores marcam o palato, sem nunca se tornar cansativo. Final longo e saboroso.
Temos aqui um vinho saido de um anos quente, mas que não é pesadão nem enjoativo. É bem complexo, estruturado, com pernas para aguentar ainda uns bons anos em garrafeira. Custa cerca de 30€ e a meu ver, bate-se muito bem com vinho que custam o dobro do preço. É uma escolha certa. 17,5.
publicado por allaboutwine às 12:22 | link do post | comentar
Segunda-feira, 30.03.09

Reguengos Reserva 2006

Voltando às Adegas, mais precisamente aos seus vinhos, que têm vindo a crescer de qualidade ano após ano. Lembramos os casos da Adega Cooperativa de Borba, de Pegões, Monção. Estes são os casos mais gritantes de qualidade, quando se fala em vinhos de Adega. Mas não são os únicos casos, temos alguns casos em que não estão assim tão longe do pelotão da frente, como é o caso da Carmim, de Reguengos. Quem não se delicia com um belo Garrafeira dos Sócios?
Em prova temos o Reserva de 2006, um vinho que custa menos de 5 euros nas prateleiras de um supermercado. Um vinho que é feito com as castas tradicionais do Alentejo como o Aragonês, o Moreto, a Trincadeira e a Tinta Caidada. Estagia em depósitos durante um ano antes de sair para o mercado.
Sai da garrafa com uma cor rubi escuro. Aromas intenso e bem especiado, com canela e pimentas. Chocolate de leite e café acompanhado de fruta a lembrar cerejas e ameixas e alguma em passa. Boca com bom corpo e bela acidez.
Temos aqui um vinho muito bem feito, com uma excelente relação entre o preço e a qualidade. Uma excelente opcção para o dia a dia. Não é disto que andamos à procura? 16.
publicado por allaboutwine às 12:38 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Ramos Pinto Collection 2006

Temos aqui a segunda edição dos Collection da Ramos Pinto. Depois do "Beijo" com a colheita de 2005, brindou-nos com o "Adão e Eva" na colheita de 2006. Os rótulos são belas imagens com que a Ramos Pinto atravessou épocas e que tornaram-se objecto de desejo para muitos coleccionadores, dada a sua beleza e originalidade.
Estes vinhos de colecção, produto de um excelente plano de marketing, vêm ajudar a reviver memórias de outros tempos e dar a conhecer um pouco da história da casa.
Em relação ao vinho, neste caso o 2006, é feito com as castas Touriga nacional, Touriga Franca e mistura de outras castas. Estagia 18 meses em barricas de 2º e 3º ano.
Apresenta uma cor vermelha escura. O aroma é intenso, profundo. Começa por nos dar tostados, fruta vermelha madura como morangos, framboesas. Ligeiro café com leite. Fundo mineral xistoso. Boca encorpada e com boa acidez. Os sabores confirmam o que encontramos no nariz. Final longo e saboroso.
Vem na linha do 2005, perfil duriense e com um lado frutado mais sensual, mais feminino. Um vinho que tem qualidade e que dá para já uma bela prova. Belo conjunto. 16,5.
publicado por allaboutwine às 12:09 | link do post | comentar
Domingo, 29.03.09

Quinta da Amoreira da Torre Reserva 2004

Mais um projecto recente em terras alentejanas, mais precisamente em Montemor-o-Novo. O vinho é uma das muitas culturas da Herdade do Freixo que, está em conversão para a cultura biológica ao contrário das outras culturas, que já estão em plena produção biológica.
O vinho em prova é o Reserva da casa, segundo ano a ser feito e que apresenta desde já uma muito boa qualidade dada a juventude das vinhas, plantadas em 2001.
Tem uma cor vermelha escura. Aroma guloso, com notas de tosta, chocolate. A fruta aparece na forma de cerejas e ameixas. Especiarias como canela e pimenta preta. Ligeira cera e couro. Boca gorda e com boa frescura.
Temos aqui um vinho de perfil bem alentejano, guloso e muito bem feito. Pelo preço, pouco mais de 10 euros, é uma bela aposta. 16,5.
publicado por allaboutwine às 10:25 | link do post | comentar

Luis Pato Vinha Formal 2007

Continuando na senda dos brancos, viramo-nos mais para norte, mais precisamente para a Bairrada, terra da Baga e da Bical, casta com que é feito este vinho em prova. A Bical, juntamente com a Maria Gomes e o Arinto, são as principais castas brancas da região e que dão origem a vinhos frescos e originais, alguns deles capazes de durar muitos e bons anos em garrafa.
Um dos exemplos, senão o principal, que trata bem as castas da região e faz com elas grandes vinhos, alguns deles de verdadeira excelência, é Luis Pato.
O Vinha Formal é um destes casos. É um dos vinhos portugueses com mais originalidade, um vinho que não é fácil, longe da fruta fresca e tropical que reina, um vinho feito para acompanhar comida e para durar no tempo. É o topo de gama do produtor ao nível dos brancos e a sua prova vem constactar isso mesmo.
É um vinho 100% Bical e é fermentado e estagiado em barricas novas de carvalho francês. Tem uma cor amarelo quase dourado. Apresenta aromas fortes e intensos a caramelo, anis, fruta tropical madura e compotada, biscoitos, doce de abóbora e ligeiro mel. A boca é muito gorda e fresca. Final longo e complexo.
É um vinho que se ama ou odeia, com personalidade forte e longe do perfil tropical e limpo da moda. Eu gostei muito do vinho. É um grande branco. 17,5.
publicado por allaboutwine às 05:19 | link do post | comentar
Quinta-feira, 26.03.09

Herdade do Perdigão Reserva 2007

Basta vir um bocado de sol que mudamos logo. Mudamos de comportamentos, andamos mais bem dispostos, esquecemos por momentos a crise que nos persegue e para nós, também é altura de chegada dos brancos. Está aberta a época dos brancos.
Virei-me para sul, mais precisamente para Monforte, norte Alentejo, terra de grandes vinhos. Tenho seguida os Reserva deste produtor, sempre de excelente qualidade, tanto nos brancos como nos tintos. Estes muitas vezes prémio de excelência na Revista Vinhos.
O Reserva branco, vinho que temos em prova, é feito exclusivamente de Antão Vaz e estagia em barricas novas de carvalho francês. Se olharmos para trás, vemos que são vinhos que duram bem em garrafa e que apresentam uma frescura e intensidade muito boas. E o preço também não assusta ninguém, pouco mais de 10 euros.
Esta versão de 2007, brinda-nos com uma cor citrina brilhante. O aroma é intenso. Mostra-nos tosta, fumo, baunilha. A fruta é tropical a lembrar manga e abacaxi. Temos ainda especiarias, em especial cânfora e cravinho. Gordo na boca e muito fresco, alongado-lhe o palato por muito tempo.
Mais uma vez, este vinho mostrou-se uma excelente aposta. É um branco complexo, muito vivo, intenso. Prevejo um bom futuro para ele. Tem argumentos para isso. 17.
publicado por allaboutwine às 13:32 | link do post | comentar | ver comentários (2)
Quinta-feira, 12.03.09

A receita by Pingamor

Enquanto provava e bebia o Moscatel da Niepoort refastelado no meu sofá, penso pensava no facto de termos dos melhores generosos do mundo: Porto, Moscatel e Madeira. Pensava que este facto, e por si só, poderia ser a chave do nosso sucesso a nivel intenacional.
Sem querer pôr-me em bicos de pé, mas com a minha liberdade de opinar de peito aberto, pensei na receita para o nosso país em termos vitivinícolas. Porque não fazer uma grande aposta nos vinhos generosos e torná-los o nosso cavalo de batalha? Porque não apostar definitivamente num sector em que somos dos melhores do mundo e não apontar a vários alvos sem quase nunca atingir nunhum?
Eu com isto não quero dizer que não se continue a apostar nos vinhos de mesa e a faze-los cada vez melhor. Mas todos temos consciência que não é um mercado fácil e é extremamente difícil ombrear com os nomes do velho mundo e os preços do novo mundo. Mas será que eles conseguem comparar-se connosco quando falamos de generosos? Eu penso que não.
A minha receita é apostar cada vez mais neste tipo de vinho, já que temos o knowhow e as condições para o fazer e grande parte do caminho já está feito. É só não estragar o que já existe.
publicado por allaboutwine às 06:44 | link do post | comentar | ver comentários (7)
Quarta-feira, 11.03.09

Niepoort Moscatel do Douro 2000

Quando pensamos em Moscatel pensamos maioritariamente em Setúbal, na região do Sado. E na minha opinião pensamos muito bem. Quem não gosta da complexidade dos generosos com longo estágio, quem não gosta de provar as relíquias que por exemplo a JMF nos brindou ainda recentemente no Encontro Vinhos e Sabores. Mas cá em Portugal, como sabemos, não é a única região vinícola a fazer este tipo de vinho. Em pleno Douro também se faz Mostatel e a Niepoort é um deles.
Tenho provado alguns Moscateis do Douro, e para ser sincero não me têm deslumbrado, ficando muito aquém dos exemplares de Setúbal. Mas ainda não tinha tido a possibilidade de provar o Moscatel de Dirk Niepoort e nós sabemos que ele não sabe fazer coisas más. Comprei este exemplar carregado de curiosidade mas com alguma certeza do produto final. E não me enganei. É um grande Moscatel. De cor dourado escuro, brinda-nos com uma bela intensidade aromática com aromas a lembrar mel, fruta cristalizada, frutos secos, fumados. Boca gorda e excelente acidez que lhe prolonga o palato. Muito longo e profundo.
É um vinho que recomendo vivamente e que para mim é, até agora, o melhor exemplar dos Moscateis do Douro jamais provado. 17,5.
publicado por allaboutwine às 15:34 | link do post | comentar
Segunda-feira, 09.03.09

Mais uma razão para festejar

Todas as razões são boas para festejar, mas umas são melhores que outras. São momentos em que não nos importamos de abrir as nossas melhores garrafas e partilhamo-las com os nossos mais queridos. Foi assim quando tive a notícia de que ia ser pai, aquando do seu nascimento e aniversários. Nestas alturas a prova atenta dos vinhos é impossivel, mas por outro lado são momentos únicos, momentos de saborear e partilhar esses grandes vinhos, de ter e dar prazer.
Foi o que aconteceu recentemente ao ter a notícia de que vou ser tio. Foi com o meu irmão que celebrei a noticia da minha paternidade e na altura lembro-me muito bem do vinho que bebemos, um Chryseia 2000. Um dos melhores vinhos da minha vida. Agora, para esta celebração, escolhi um Tapada Coelheiros Garrafeira 2001 e um Quinta do Vallado Reserva 2003.
Estava um pouco apreensivo em relação ao Coelheiros, mas mostrou-se um grande vinho, numa excelente fase, muito complexo, com a fruta ainda bem presente. Está numa fase de transição e a ganhar aromas terciários como fruta em passa, cera, muitas especiarias. Longo e fresco na boca. É um grande vinho.
O Vallado Reserva foi bebido a seguir. Apresentou-se muito diferente desde que o tinha provado aquando a sua saída, num perfil mais austero, mais fechado, sem a fruta e vigor da juventude. Mas é um belo vinho, especiado, mineral e com fruta espessa. Talvez não o tenha apanhado numa boa fase, mas certamente que irá dar muitas alegrias lá mais para a frente.
E assim preparamo-nos para mais uma fase da nossa vida, onde importa deixar descendentes mas que acima de tudo importa deixa-los bem e de preferência com bons vinho, tais como estes.
publicado por allaboutwine às 13:38 | link do post | comentar | ver comentários (1)

2 anos de vida



Cheguei ao segundo aniversário do Pingamor. Confesso que não esperava que este projecto durasse tanto tempo. Já houve muitas alturas em que estive quase a abandonar o blog devido a muitas razões. Falta de tempo, falta de paciência, algum desinteresse e desilusões com que este mundo do vinho me brindou. Mas acabei por continuar, algumas vezes tive de ser empurrado por amigos e pelas vossas palavras de apreço e sobretudo pelo amor que tenho pelo vinho. No fim de tudo, parece que ainda vão ter de me aturar por um bom tempo. Vou fazendo aquilo que gosto, umas vezes provando, outras vezes apenas bebendo sem preocupações de maior, mas tendo sempre o prazer de falar sobre isso neste espaço.

tags:
publicado por allaboutwine às 06:38 | link do post | comentar | ver comentários (11)

mais sobre mim

pesquisar neste blog

 

Março 2009

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
27
28

posts recentes

últ. comentários

  • Olá Miguel,Sou leitor atento do teu blog e não res...
  • Aqui parece que não concordamos. Eu acho este 2007...
  • José Diogo,É realmente um belo porto com um grande...
  • Olá André.Sê vem vindo a esta humilde casa. Fiquei...
  • Também o achei bem austero na abertura. Ao princíp...
  • Oi Miguel, muito de acordo com o teu descritivo, u...
  • interessante.
  • Nesta prova já não concordo assim tanto, pessoalme...
  • Completamente de acordo com esta nota de prova!Ali...
  • Bom dia, estamos a lançar um projecto de blogue de...

Posts mais comentados

arquivos

tags

todas as tags

links

subscrever feeds