Domingo, 28.12.08

Vinha de Reis 2004

Não é uma novidade, já que o vinho saíu para o mercado há já algum tempo, mas é dos novos produtores do Dão. Começou logo por ser medalhado como um dos melhores vinhos da região e previa-se um futuro risonho para ele. Esperei mais um pouco de tempo para o abrir, dado que tinha lido criticas que ele estaria muito fechado, que precisava de tempo de garrafa. Resolvi abri-lo nesta altura para acompanhar ao bacalhau da consoada.
É um vinho que é feito quase só com Touriga Nacional e estagiou em barricas de carvalho francês Allier. Sai da garrafa com uma cor rubi muito escuro. O aroma é intenso com muitas notas balsâmicas tradicionais nos vinhos da região. Notas de eucaliptos e de pinheiros. Surgem apontamentos florais a lembrar violetas que abraçam a fruta, que aparece na forma de ameixas e cerejas. Toque achocolatado. A boca é potente mas com elegância, com bela acidez. Permanecem os sabores balsâmicos, envolvidos em fruta e em flores. O final é longo e complexo.
Fiz mal em abrir este vinho nesta altura, já que tem tudo para crescer e evoluir na melhor direcção. Neste momento mostra-se um pouco fechado, só com bastante tempo é que conseguimos descortinar aromas e sabores, mas nota-se que segue a linha mais conservadora, onde a fruta não reina. A ver lá mais para a frente. 16,5.
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Amália Garcia

Temos aqui um vinho de que muito se falou, devido ao seu grau alcoólico (17,5) e também pelo seu preço de venda ao público (75€). O vinho é uma homenagem de Francisco Nunes Garcia à sua mãe, Amália Garcia (já tinha acontecido o mesmo com o António Maria), feito unicamente com Alicante Bouschet e sem estagio em barricas, para poder mostrar todo o potencial da casta e deixar a bomba de fruta falar por si. Criou um pequeno "monstro"!
Como era esperado, a sua cor é negra, assustadora. O aroma é muito concentrado, cheio de fruta madura, compotada, a lembrar cerejas, ameixas, envolvidas em chocolate e balsâmicos finos, tipo verniz e cera. A boca é muito gorda, redonda e com uma boa acidez. Mantém a fruta gulosa, em compota, envolvida em chocolate e com fundo balsâmico. Final longo e muito guloso.
Este vinho tem de ser bebido no máximo a 16º para não se sentir o álcool, que anda sempre a querer saltar cá para fora. Fora este especto, é um vinho muito guloso, madurão, potente, onde talvez falte algum equilibrio ácido, mas que dá uma boa prova e que alegrará a muitos consumidores. Estou curioso em relação à sua durabilidade em garrafa. 16.
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Quinta das Marias Encruzado Barricas 2007

A Quinta das Marias está situada entre os rios Dão e Mondego e sobre solos graníticos, caracteristicos da região. É um dos casos sérios do Dão, um dos produtores que está a ajudar a região a voltar a ser grande, com grandes vinhos, tanto brancos como tintos. Nos tintos temos as habituais castas, como a Touriga Nacional, a Tinta Roriz, o Alfrocheiro e o Jaen. Nas brancas temos principalmente o Encruzado. Tem lançado grandes vinhos no mercado, entre brancos com e sem estágio em barricas, e tintos de grande gabarito como o Touriga Nacional e o Garrafeira.
O branco em prova é a versão 2007 do Encruzado com estágio em barricas. Tem uma cor amarela citrina e um aroma de bela intensidade e muito fino. A fruta aparece ácida, citrina, com muitas notas de limão e lima, ligeiro marmelo. Frutos secos torrados e bafo de flores brancas. Tudo isto sobre fundo mineral, tostado. A boca tem bom volume, excelente acidez, plena de fruta citrina, ácida, bem casada com os abaunilhados e tostados da barrica. Final longo e muito fresco.
É um belo exemplar da casta e do que ela pode dar. A madeira onde estagiou não se sobrepõe à fruta, mas que ainda melhorará com o tempo em garrafa. Um branco com futuro, mas que já dá uma bela prova. 17.
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Herdade dos Grous Reserva 2004

Temos aqui mais um dos grandes projectos recentes do sul do país, em Albernoa, perto de Beja, e porque não dizer, de Portugal. Um empresário alemão decidiu apostar no Turismo Rural e na produção de vinhos de qualidade. Chamou Luis Duarte, reputado enólogo português, para gerir o projecto e para fazer os vinhos da Herdade dos Grous. Começaram com a colheita de 2004, com um DOC do ano e com um Reserva que foi logo consagrado como o melhor do ano no Alentejo. Uma grande estreia. É esse vinho que apresento aqui.
Feito com um blend de várias castas como o Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Syrah e com um estágio de 12 meses em barricas novas de carvalho francês, cai no copo com uma cor vermelha bem escura. Aroma concentrado, com notas frutadas de cerejas e ameixas, alguma compota e marmelada mas sem nunca cair numa grande doçura. Balsâmicos a lembrar cera e alguma graxa e também uma boa dose de menta. Resta espaço para chocolate e ligeiro café. A boca é encorpada, boa acidez, taninos redondos. A fruta aparece elegante, bem combinada com especiarias e balsâmicos. Belo final, complexo e guloso.
Que grande estreia do produtor. Um vinho com uma excelente dose de complexidade, muito guloso. É dificil não gostar dele. Imagino quando as vinhas atingirem o estado adulto, os vinhos que de lá sairão! 18.
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Quinta-feira, 25.12.08

Quinta da Casa Amarela Porto Branco

Os vinhos do Porto brancos não são vinhos que beba com muita frequência, posso mesmo dizer que é raro bebe-los sem ser no verão, com água tónica e limão. Temos a versão mais seca, jovem, e a versão mais estagiada, com mais anos de vida, que em muitos casos, são grandes vinhos e um tanto desconhecidos pelo consumidor.
Laura Regueiro arriscou e lançou no mercado um branco com uma óptima imagem, jovem e apelativa. Trata-se de um Porto Branco com algum estágio, com uma cor amarela dourada e um aroma muito frutado, com notas de melão, meloa, casca de laranja, limão e doce de abóbora. Toque de frutos secos e de mel. A boca apresenta bom volume e uma bela acidez. Mantém a fruta com uma boa dose de frutos secos. Final mediano.
É um Porto que é multifacetado. Alia alguma secura com a boa dose de doçura e boa acidez. Por isso, bebe-se muito bem como aperitivo, a solo, ou a acompanhar os tradicionais frutos secos desta época festiva. Uma boa aposta na entrada dos Portos brancos sérios e ainda por cima não temos de gastar muito com ele, cerca de 10€. 16.
publicado por allaboutwine às 05:26 | link do post | comentar

Cono Sur Pinot Noir Reserva 2006

É o segundo vinho que provo deste produtor chileno, depois de um Chardonnay com estágio em madeira e que gostei bastante. São vinhos do chamado novo mundo, vinhos com uma excelente imagem, que chama a atenção (a mim chamou-me), e com qualidade. O produtor faz uma aposta séria no Pinot Noir, tanto que o topo de gama, de nome Ocio, é feito exclusivamente com ela. Tem uma gama de vinhos a que chama Reserva e é nela que entra o vinho em prova. Estagia 4 meses em barricas e tem um preço de mercado cá em Portugal de 8€.
A sua cor é um vermelho com alguma concentração. Aroma de média intensidade, com notas de fruta vermelha a lembrar morangos maduros, amoras. Confeitaria (parece quando entramos numa pastelaria) e café com leite. Boca de médio porte, fresca e com os taninos redondos. Estão lá os sabores a fruta vermelha e a confeitaria. Final frutado e fresco.
É um vinho muito bem feito, elegante, com boa acidez. Não acompanha pratos muito intensos ou com muita gordura, antes carnes brancas e pratos delicados. É uma casta que não conheço quase nada. Esta prova também serviu para ver este tipo de perfil de vinhos, que são fáceis de agradar á maioria dos consumidores. 16.
publicado por allaboutwine às 04:51 | link do post | comentar

Perfil 2007

É o projecto pessoal de Luis Soares Duarte, um dos enólogos de referência do Douro e um dos meus preferidos. Das suas mãos saem grandes vinhos como o Gouvyas, Kolheita, Quinta do Infantado, entre outros. Tem uma parceria com outro grande nome do Douro, Luis Roseira, produtor da Quinta do Infantado. Este seu projecto pessoal, tem como referência principal e topo de gama o Momentos, um dos grandes da região. Um jovem enólogo que nos dá grandes alegrias.
Este Perfil existe em branco, tinto e rosé. O vinho aqui em prova é a sua versão mais clara, do ano de 2007. É composto com castas tradicionais do Douro, como Rabigato, Codega de Larinho e Malvasia Fina e tem unicamente estágio em inox. Sai da garrafa com uma cor amarela esverdeada. Aroma de média intensidade. Notas muito frutadas a lembrar ananás, maça ácida, ameixas. Á fruta juntam-se flores brancas e amarelas. Fundo mineral delicado. A bocaé de corpo mediano e com uma bela acidez. Muita fruta citrina como limão e lima e flores. Fundo mineral a lembrar um riacho a correr sobre pedras. Final longo e fresco.
Temos aqui um vinho muito bem feito, muito fresco e delicado que dá prazer beber. Também tem um preço mais que justo, 5,50€, o que convida á sua compra. Eu gostei. 15,5.
publicado por allaboutwine às 04:18 | link do post | comentar
Domingo, 21.12.08

Julian Reynolds Reserva 2004

Temos aqui uma história com largos anos. A família Reynolds existe em Portugal desde 1920, primeiro para o negócio da cortiça e depois no vinho. É Robert Reynolds que fica à frente do negócio e começa a produzir vinhos de qualidade em Estremoz. Robert é avô de Gloria Reynolds, senhora que dá o nome ao topo de gama da empresa. O vinho é produzido por Julian, seu filho, como forma de homenagiar a mãe.
Situada em Figueira de Cima, norte Alentejo, com influência da Serra de São Mamede, que transmite uma frescura característica aos vinhos. As vinhas têm as variedades usuais da zona, como o Aragonês, a Trincadeira e como não poderia deixar de ser, o Alicante Bouschet, esta última introduzida em Portugal pela família.
A referência Julian Reynolds, segunda marca do produtor, fermenta em balseiros e estagia em barricas de carvalho francês. Um luxo! Está na garrafa 1 ano antes de sair para o mercado.
Sai da garrafa com uma cor vermelho muito escura. O aroma é intenso, vinoso. Tem notas frutadas de ameixas, morangos doces. Tostados. Especiarias a lembrar canela e cravinho. Chocolate preto e café acabado por moer. A boca é gorda, tem uma bela acidez e está redonda. Mantém a fruta, os tostados e as especiarias. Final longo, com alguma complexidade.
É um vinho bem espressivo no aroma, ainda marcado por tostados. A boca é uma revelação, não estava á espera de tanta elegância e de tudo muito bem casado.
Não é um vinho fácil de encontrar no mercado, mas é uma bela opcção para este nivel de preço, 14€. Eu gostei. 16,5.
publicado por allaboutwine às 07:46 | link do post | comentar

José Maria da Fonseca Moscatel de Setúbal 2002

A José Maria da Fonseca é uma mas grandes referência no que toca a Moscatel. Desde o colheita, que apresenta data, ao contrário de muitas outras marcas, até aos rarísssimos moscateis roxos superiores. A família Soares Franco é propreitária da empresa há 170 anos. Domingos Soares Franco é o actual enólogo. Estes vinhos generosos são do melhor que se pode encontrar no mundo, alguns são mesmo únicos.
O Moscatel de Setúbal é elaborado a partir da casta Moscatel, que é um tipo de uva que prima pelo seu carácter, floral, frutado, melado, diferenciando os vinhos moscatéis de qualquer outro tipo de vinho.
A colheita em prova é a de 2002, a que está neste momento no mercado. Estagia em cascos de madeira usada. Tem uma cor âmbar com laivos avermelhados. Aroma intenso com notas de mel, caramelos, leve baunilha. Farripas de casca e de bolo de laranja. Ligeiro floral. A boca é gorda com boa acidez. Tem notas meladas e de caramelo. Leve abaunilhado. Final longo e adocicado.
É o vinho base da empresa, mas que mesmo assim tem boa qualidade. Não esperemos que melhore com o tempo, porque não é feito para tal. Bom para aperitivo ou para acompanhar sobremesas à base de ovos, chocolate e laranja. 15,5.
publicado por allaboutwine às 07:45 | link do post | comentar

Grilos 2006

Tenho seguido este vinho desde 2003, que por sinal foi a melhor colheita desde o seu início. Agora, de propriedade da DãoSul, mudou de imagem e de nome (antes era Quinta dos Grilos), mantém a sua boa relação preço/qualidade e é um vinho que podemos confiar. Também tem a versão branco.
Da região de Tondela, este tinto é composto pelas castas características do Dão. Por isso temos Touriga Nacional, Jaen, Tinta Roriz e Alfrocheiro. Estagia 6 meses em barricas de carvalho francês. De cor rubi escuro, tem um aroma com boa intensidade com notas frutadas e lembrar morangos e groselhas frescas a par de um vegetal curioso tipo os pimentos dos Cabernet e ligeiro floral. A boca tem corpo mediano, boa acidez e taninos redondos. Tem sabores a fruta vermelha flores frescas e vegetal. Chocolate de leite e baunilha. Final longo e fresco.
Não chega á colheita de 2003 mas tem uma boa qualidade. Mais que pronto a ser bebido, é um vinho consensual, que dá algum prazer e que pelo preço que tem, é uma boa escolha para o dia a dia. 15,5.
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