Gravato Touriga Nacional tinto 2006

Não há muito tempo, Rui Miguel, autor do Pingas no Copo, um dos mais conceituados blogs nacionais, fez um excelente artigo sobre vinhos étnicos. Vinhos marcadamente regionais, quase pessoais, que são praticamente desconhecidos fora do meio onde são produzidos. O prazer torna-se maior quando esses vinhos nos são apresentados, quase em surdina. Provamo-los quase sempre com um sorriso nos lábios e questionamos o porquê da sua clausura.

Luís Roboredo é o autor dos vinhos Gravato. Um beirão de gema que acredita no seu projecto, que acredita que os seus vinhos têm qualidade para ombrear com os melhores. E tem razões para isso, digo eu!
A região da Mêda, apesar de ser considerada Beiras, sempre teve um papel muito importante no Douro, nos vinhos de mesa e Porto. Muitas uvas saíram e saem dali para grandes produtores de vinho. O próprio Barca Velha já foi feito com uvas deste região. Falta sobretudo que os consumidores provem os vinhos, que conheçam o produto, e nisso, Luís tem um papel muito importante. São muitas as investidas em dar a provar os seus vinhos, em dar a conhecer a marca. De salientar a paixão com que fala dos seus vinhos, principalmente do seu Palhete.

Tive a oportunidade de provar o Touriga Nacional 2006, um vinho que estagiou em cubas de inox com aduelas (75% francesas, 25% americanas) durante 1 ano e mais 15 meses em garrafa.
O néctar cai no copo com uma cor escura, violácea. Aroma intenso e carnudo. Nota-se desde logo um perfil seco, onde a fruta aparece madura, principalmente ameixas negras mas também bagas silvestres acompanhadas por ligeiro toque de chocolate preto. Forte pendor vegetal, que me lembra mato rasteiro, com alguns com apontamentos de flores. Tem também um lado terroso, mineral. Boca gorda e com uma bela acidez. Bastante seca, onde a fruta apresenta-se madura mas não doce. Brinda-nos ainda com chocolate preto e com flores. Fundo mineral. Final longo e compacto.

Ao provar este vinho lembrei-me de uma mesa de amigos, com petiscos caseiros, enchidos e queijos. Tudo muito despreocupado como gostamos. É o melhor elogio que lhe posso fazer. É um vinho autêntico, genuíno, longe das modas e perfeito para a mesa. Precisamos de vinhos destes. 17.
publicado por allaboutwine às 01:13 | link do post