Domingo, 07.02.10

Encontro winebloggers / Casa Santa Vitoria‏


A convite da Casa de Santa Vitória e inserido no Encontro Winebloggers, decorreu no passado dia 23 de Janeiro uma visita às intalações do produtor alentejano.
Inserido no Grupo Vila Galé, a Casa Santa Vitória é um produtor recente, na recente região vitivinícola de Beja, no Baixo Alentejo, onde há cerca de 10 anos não existia vinha. Hoje, com a precisosa ajuda da rega, já são alguns os produtores de vinho, com projectos arrrojados, com muita qualidade e virados para o futuro.


Estava à nossa espera Bernardo Cabral, jovem enólogo da casa, que depois da saída de Nuno Cancela de Abreu e após fazer equipa com ele, ficou à frente dos vinhos Casa Santa Vitória. Logo de seguida fomos às vinhas, sempre com explicação de Bernardo. As castas já plantadas e que dão origem aos vinhos que estão no mercado e as que ainda quer plantar, algumas delas bem arrojadas mas ainda no segredo dos deuses.


São cerca de 120 ha de vinha e 90 ha de olival plantados em solos pobres de origem granítica com algumas manchas de xisto. Encepamento com as castas tradicionais alentejanas como Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet, mas também Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Caiada, Merlot e Baga. Nas brancas temos o Chardonnay, Arinto, Antão Vaz, Verdelho, Sauvignon Blanc. Uma panóplia de castas que permitem ao anólogo trabalhar os vinhos com matéria prima vasta e com criatividade.


Passámos ao almoço no restaurante do Hotel Vila Galé Clube de Campo. Um almoço que decorreu de forma muito informal, quase familiar. Queijos, azeitonas, pão, azeite Casa de Santa Vitória (de muito bom nível), pimentos, salada de grão, tudo muito bom e acompanhado pelo Versátil branco 2009, Casa Santa Vitório branco 2009 e o Casa de Santa Vitória branco Reserva 2007. Este vinho também serviu para acompanhar uma bela Sopa de Cação (esta foi até rapar o prato). Ainda na sopa, passámos aos tintos. Começámos pelo Touriga Nacional 2007, depois pelo Reserva 2007. Já com a carne à frente, concluímos com o Inevitável 2005, o topo de gama da casa. (deixarei umas pequenas notas dos vinhos mais à frente)

De estômago cheio, fomos fazer a digestão com um passeio na adega. Um edifício moderno para fazer vinhos modernos mas sem perder a identidade alentejana.


3 pisos, sendo o primeiro para o laboratório, sala de provas  e exposições. No segundo piso estão as cubas de fermentação, sala de enchimento, armazens e recepção/loja.


No último piso é a zona de estágio (barricas e garrafa). 80% das barricas são de carvalho francês de várias marcas e os restantes 20% americanas. Num futuro próximo irão ser só francesas.


Acabámos assim a visita, ainda sem antes provar uma novidade que Bernardo Cabral tinha pronta para nós. Um extreme de Cabernet Sauvignon do ano de 2007. Um vinho ainda sem rótulo ao qual tivemos o previlégio de aceder quase em primeira mão. E digo-vos uma coisa, é o melhor Cabernet português que já alguma vez provei!
Saímos satisfeitos e com a promessa de voltar brevemente. Deixo o agradecimento à equipa Santa Vitória, em especial ao enólogo Bernardo Cabral e à Ana Montenegro, que nos veio buscar e trazer a Lisboa.


Deixo aqui os vinhos provados durante o dia. Vinhos muito bem feitos, com qualidade, gulosos, cheios de aromas a sabores.

Casa de Santa Vitória branco 2009
Exótico, fruta tropical, vegetal, muito fresco. Está muito bem feito. 15,5.

Versátil branco 2009
Pouco intenso, perfila mais directo, floral, fruta branca. 14/14,5.

Casa Santa Vitória Reserva branco 2007
Belo aroma, fruta citrina a tropical madura, baunilha, alguma manteiga, frutos secos. Encorpado e com uma bela acidez. 16,5.

Casa Santa Vitória Reserva tinto 2007
Escuro, intenso, guloso. Chocolate de leite, flores, baunilha, framboesas, morangos em calda. Boa encorpada e com boa a acidez. Gostei muito deste vinho, Uma grande relação preço/qualidade. 17.

Casa Santa Vitória Touriga Nacional 2007
Diferente do 2006, mais sério. Flores, chocolate, mineral. Boca gorda, quente, com acidez mediana. Para mim, inferior ao 06. 16.

Inevitável tinto 2005
Complexo, menta, vegetal, flores, chocolate e ginjas. Encorpado, fresco. Final apimentado. Gostei mais do 2004. 16,5.

Casa Santa Vitória Cabernet Sauvignon tinto 2007
A surpresa do dia. Ainda não está no mercado mas acredito que irá fazer furor. Muito guloso, com pimentão, bagos escuros, chocolate de leite. Boca gorda, muito fresca, taninosa. Final abaunilhado e complexo. Um vinho sério, com perfil de garrafeira. 17/17,5.
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Domingo, 24.01.10

Quinta da Murta / Paraíso às portas de Lisboa



Aproveitei uma tarde em que a chuva deu alguma trégua e combinei com o Hugo Mendes uma visita à Quinta da Murta, em Bucelas. Chegamos a Bucelas, no largo da igreja viramos à direita e seguimas para a serra. Pouco depois encontramos a Quinta da Murta. Ao espreitarmos cá de cima, sentimos logo a beleza estonteante e bucólica da quinta lá em baixo. Um pequeno aglomerado de casas rodeadas de vinha.



Quem diria que a poucos kilometros de Lisboa axistem cenários destes, onde encontramos uma calma única, ficamos em paz e em sintonia com a natureza. Para quem não está habituado, é um silêncio ensurdecedor.




Depois de um momento de reflexão, desperto e centro e minha atenção para o que me trouxe à Murta. As vinhas e os vinhos.


Como não podia deixar de ser, o Arinto domina o encepamento.É aqui o seu reino, onde se sente em casa. É contagioso ver a maneira como Hugo fala da casta, do terroir, de como ela resulta na Murta, o perfil que ele entende que ela deverá ter e também na companhia  de outras castas brancas, como Rabo de Ovelha e Esgana Cão, para complementar com volume e fruta, deficitários no Arinto.


Passámos à adega, à sala de operações onde tudo acontece. As uvas são recebidas e através de gravidade são vinificadas em cubas de inox com temperatura controlada e sempre baixa (a água que corre nas tubagens chega a atingir os 7º negativos.
Battonage em todos os vinhos brancos, para extraír o máximo das películas e acrescentar volume e também no rosé (feito com a Toriga Nacional da casa).
Como o Arinto á apanhado com menos ou com mais grau de maturação, consoante o tipo de vinho a que se destina, também na adega são finificados separadamente. Temos então vinhos base de espumante, mais acídulos e mais neutros de aromas, e as restantes, com mais tempo na vinha, que serão a base dos restantes vinhos. O Quinta da Murta apenas fica pelo inox e o Clássico é fermentado e estagiado em barricas de carvalho francês. Vinhos que têm uma frescura incrível, carácter seco. O Clássico com outra complexidade e estrutura, apto para durar em garrafa. Em relação ao rosé, também este se fica pelo inox. Provado da cuba, mostrou fruta delicada, não muito intensa mas uma grande aptidão gastronómica. Os tintos da casa também têm direito a estágio em barricas de carvalho e também, como é regra, são secos, pouco frutados e sem as flores exuberantes da Touriga Nacional.


Em jeito de conclusão, foi muito didáctico o tempo passado na Quinta da Murta. Percebi melhor o Arinto, as diferentes formas de vinifica-lo. Foi muito interessante provar base de espumante (nunca o tinha feito), as cubas de Arinto de 2009 e as várias experiências da casta em barricas de diferentes capacidades.
Contagiante a paixão que Hugo fala dos seus vinhos e defende o seu perfil seco e austero. Segundo ele, os vinhos são feitos para a mesa e é nela que eles devem resultar bem. Não serão ao gosto de todos, com certeza, passam ao lado de medalhas, com certeza, mas quem respeita e espera por estes vinhos, tem a merecida recompensa.
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Domingo, 01.11.09

Visita ao Zambujeiro


Aproveitámos um belo fim-de-semana solarengo e fomos ao Zambujeiro, perto de Vila Viçosa.
Fomos recebidos pelo Nuno Malta que nos mostrou as instalações entre explicações e provas de barrica. Cubas em inox para vinificação do Monte do Zambujeiro de Terra do Zambujeiro e 4 balseiros em carvalho para o Zambujeiro. Sala de barricas das melhores marcas e com várias tostas, onde provámos os vinhos de 2008 ainda em pleno estágio. Começámos pelo Aragonês, muito elegante, perfeito para o blend, Touriga Nacional, belo tanto no aroma como na boca, Cabernet Sauvignon, intensas notas vegetais e com uma belíssima acidez e o Alicante Bouschet, preto, poderoso, grande estrutura. São as 4 castas que vão dar origem aos vinhos de 2008. Muito didáctico. Passámos à prova do Zambujeiro 2007, ainda em estágio. Um vinho poderoso, muito estruturado, pleno de fruta, muito jovem.
O tempo urgia e ainda íamos buscar um bicharoco para nos saciar a prova de vinhos espanhóis que tínhamos pela frente.
Resta-me agradecer ao Nuno o tempo despendido ao nos receber.
Deixo uma fotos que tirei ao longo da visita.








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Segunda-feira, 07.09.09

Visita à Casa de Darei

Um pouco da história





O projecto arranca quando José Ruivo Machado, homem apaixonado pelo vinho, comprou uma propriedade com 150 hectares nas margens do rio Dão, entre Penalva do Castelo e Mangualde, onde existia um solar setecentista, nessa altura em muito mau estado. Estavamos no ano de 1997.






Passou-se ao restauro do solar e também das casas que antigamente serviam de apoio à casa principal e de aposentos aos serviçais. Agora estão aptas para receber o mais exigente turista.






Actualmente a família Machado reside na casa principal, ficando as restantes casas para o Turismo Rural, faceta muito importante deste projecto, que agora arranca em grande estilo.




O vinho







O projecto vínico arranca com cerca de 1 hectar de vinha junto ao rio Dão, a beijar o rio. Vinha essa, plantada com essencialmente Alfrocheiro. Hoje, a vinha tem 12 anos. O primeiro vinho nasce em 1999, com uvas compradas para juntar às próprias (poucas) que existiam. Nasce assim a marca Lagar de Darei. Em 2003 e após libertação do terreno, são plantados mai 4 hectares de vinha, agora com Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen, Encruzado, Malvasia, Bical, Cercial Verdelho e Arinto. A quantidade á pouca e para entrar nos mercados externos tinham de entrar com quantidade. A solução foi a criação de uma outra empresa, a Vinhos de Darei, Lda, uma empresa que compra e vende vinhos. Compram vinho a terceiros, engarrafam e vendem. Assim foi solucionado um problema com os vinhos de entrada, com o volume. A equipa responsável pelos vinhos são: Júlio Lopes (produção), Sérgio Moreira (viticultura) e Pedro Pereira (enologia).



Os vinhos








Existem duas marcas principais, o Rodeio e o Lagar de Darei. Ambas as marcas têm a versão Reserva. Centremo-nos agora no Lagar de Darei. Os brancos e tinto DOC, mais simples, são feitos com uvas próprias e compradas. Os Reserva e Grande Escolha são feitos só com uvas da Quinta. Os brancos fermentados em tonéis e estagiados em barricas de carvalho de várias proveniencias. Os tintos fermentam nos depósitos e também têm estágio em barricas. São vinhos que saem para o mercado após longo estágio em garrafa.

A prova

Júlio Lopes tinha uma prova preparada para mim. devo dizer que foi em grande estilo. Foram provados os Colheita 2008 (braco e tinto), o branco Grande Escolha 2008 e o Reserva tinto 2004. A prova foi comentada por Júlio Lopes.






Lagar de Darei branco 2008 - Cor clara. Aroma com boa intensidade, com fruta de polpa branca, flores, mineral, citrinos a algum mel. Boca de médio porte e bela acidez. Um vinho com um belíssimo preço, cerca de 3 euros, para a qualidade que tem. 15.


Lagar de Darei tinto 2008 - Cor rubi escura. Nariz intenso, com balsâmicas tipicos do Dão. Pinheiros, eucaliptos e resinas. Fruta vermelha a lembrar morangos e groselhas. Boca com bom corpo e boa acidez. Continua balsâmico e frutado. Um perfil muito "Dão", elegante e bom para acompanhar comida. Bem feito. 15.


Lagar de Darei Grande Escolha branco 2008 - Cor citrina. Aroma intenso e fino. Minerais, citrinos, flores. Boca encorpada e belíssima acidez. Citrinos, pólvora. Um belo vinho do Dão, perfeito para guardar na garrafeira. 17.


Lagar de Darei Reserva tinto 2004 - Cor rubi. nariz intenso com notas balsâmicas, baunilha e fruta a lembrar cerejas e amoras. Boca encorpada e com boa acidez. Taninos ainda bem activos. Balsâmicos, fruta e baunilha. Um belo vinho do Dão, complexo e ainda com muito para dar. 16,5.









Um belo projecto em terras do Dão. Condições muito boas para o turismo, bom vinhos, boas pessoas. Vale a pena.

Resta-me agradecer ao Sr. Júlio Lopes a sua amabilidade e paciência.

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