Passamos agora à prova de 3 vinhos do produtor, praticamente toda a gama, excepto o Tebaida nº5, um vinho feito em pequena quantidade, cerca de 600 garrafas.
Casar de Burbia Mencia tinto 2006
Feito com a casta Mencia (nossa Jaen) e com estágio de 6 meses em barricas de carvalho francês e americano.
Cor granada escuro.
Aroma intenso, com notas e fruta madura, a lembrar cerejas e ginjas. Algumas passas. Chocolate de leite e baunilha. Toque lácteo.
Boca volumosa e com uma bela acidez. Fruta elegante, algum mineral, chocolate de leite. Belo final, elegante e complexo.
Um vinho complexo, elegante, com a fruta madura mas nada pesada e muito bem enquadrada. Um preço de mercado de cerca de 8 euros. 16,5.
Hombros Mencia tinto 2005
Feito com a casta Mencia e com estágio durante 9 meses em barricas de carvalho francês e americano.
Cor granada escuro.
O aroma apresenta-se um pouco fechado. A fruta aparece em forma de compota no meio de notas tostadas, de baunilha, cacau e algum fumo. O fundo é vegetal com alguma especiaria a lembrar pimenta.
Boca gorda e com acidez mediana. Tal como no aroma, a fruta está envolvida na madeira e em especiarias, com especial destaque para a pimenta. Final longo.
O vinho ainda está numa fase bruta, com o conjunto muito jovem a precisar de tempo para se acalmar. Tem qualidade, mas é preciso deixa-lo amadurecer um pouco. 16.
Tebaida tinto 2006
Feito com a casta Mencia e com estágio de 16 meses em barricas de carvalho francês.
Cor granada escuro. Aroma intenso, com a madeira de boa qualidade a destacar-se, com muitas notas balsâmicas a cera, alguma menta. Um toque químico a lembrar alcatrão. A fruta aparece elegante, com cerejas e ameixas doces, envolvidas em alguma tosta e baunilha.
Boca encorpada e com uma bela acidez. Fruta envolvida em baunilha, chocolate de leite. Belo final, longo e muito guloso.
Temos aqui um belíssimo vinho. Complexo, um tanto guloso, muito apelativo. Deu-me muito prazer prova-lo. Por cerca de 18 euros (em Espanha), uma escolha mais que certa. 17.
Estas palavras, da autoria de Dirk Niepoort, expressam perfeitamente o vinho que temos em prova.
Uma parceria entre o conhecido produtor duriense e o produtor espanhol, Equipo Navazos, um dos mais prestigiadas nomes de Jerez. Uma parceria com o fim de fazer um vinho de mesa, branco, através da casta com que se faz os Manzanillas, a Palomino. Seguiram o mesmo processo de vinificação, onde as leveduras autóctones da fermentação dão origem à flor e que após estágio nas características Botas (barricas de 500l), é engarrafado e apresentado ao público.
As primeiras impressões não foram consensuais, as opiniões divergiram, mas a curiosidade era muita e toda a gente queria experimentar o vinho. Provei-o em duas ocasiões diferentes e em ambas causou boa impressão. Um vinho completamente diferente do que costumamos beber, onde se notam os aromas a fermento, frutos secos, muitos minerais, principalmente notas salinas e toque floral. Boca de corpo mediano e boa acidez. Algo parca de sabor, nota-se os frutos secos e as notas minerais. Final mediano.
É realmente um vinho diferente, praticamente o oposto dos vinhos que se bebem hoje em dia. Um vinho que primeiro estranha-se, depois entranha-se, como diria o poeta. Sou um dos que gosta. 16.